Nem com Avisos, as Pessoas Ponderam o Seu Consumo Fonte:www.vegansoapbox.com
Trago hoje, uma notícia sobre Saúde VS Cadeias de Fast-Food, passo a transcrever a mesma, seguida de um comentário:
« Avisar os clientes das calorias não resulta. Eles comem na mesma
Estudo realizado em quatro cadeias de fast food revela que os rótulos são insuficientes para provocar mudanças
Um estudo sobre a lei pioneira da cidade de Nova Iorque relativa à afixação de calorias nas cadeias de restaurantes concluiu que, na altura da escolha do menu, o estômago é mais forte que o cérebro.
O estudo levado a cabo por vários professores das universidades de Nova Iorque e de Yale incidiu sobre clientes de quatro cadeias de fast food – McDonald’s, Wendy’s, Burger King e Kentucky Fried Chicken – em bairros pobres de Nova Iorque, onde a taxa de obesidade é elevada.
As conclusões do estudo revelam que metade dos clientes reparou na contagem de calorias que figurava em lugar destacado nas ementas afixadas. Cerca de 28% das pessoas que repararam na alteração disseram que aquela informação tinha influenciado a sua escolha de comida e nove de cada dez admitiram ter escolhido pratos mais saudáveis por causa disso.
No entanto, quando verificaram os talões a posteriori, os investigadores descobriram que as pessoas tinham, de facto, escolhido pratos com um número de calorias ligeiramente superior ao dos clientes normais antes de Julho de 2008, quando a lei entrou em vigor.
Estas conclusões, publicadas terça-feira passada na versão online do jornal “Health Affairs”, surgem numa altura em que a popularidade das propostas de contagem de calorias como meio de melhorar a saúde pública no país tem aumentado.
“Acho que nos demonstra que os rótulos não bastam”, afirmou, numa entrevista, Brian Elbel, professor-assistente da New York University School of Medicine e principal autor do estudo em questão.
A cidade de Nova Iorque foi o primeiro sítio nos Estados Unidos a exigir a afixação de calorias nas ementas, tornando-se assim um caso de teste. Desde então, Califórnia, Seattle e outras regiões e cidades instituíram uma legislação semelhante.
A afixação das calorias nas ementas chegou a ser objecto do debate nacional sobre a reforma do sistema de saúde, com uma proposta apresentada no Senado que exigia a contagem de calorias nas ementas das cadeias de restaurantes.
Este estudo centrava-se sobretudo nos clientes pobres – negros e hispânicos – de restaurantes de fast food no Sul do Bronx, no centro do bairro nova-iorquino de Brooklyn, no Harlem, em Washington Heights, e no bairro Rockaways, de Queens. Como grupo de controlo, foi escolhida uma população com as mesmas características na cidade de Newark, no estado vizinho da Nova Jérsia, que não tem legislação sobre afixação de calorias. Estas localizações foram escolhidas por causa da alta percentagem de casos de obesidade e diabetes nas populações pobres e minoritárias.
Os investigadores reuniram perto de 1100 talões de caixa duas semanas antes e quatro semanas depois de a nova legislação ter entrado em vigor. Os clientes receberam dois dólares (o equivalente a 1,36 euros) cada um para entregarem os talões.
Para os clientes de Nova Iorque, o menu escolhido tinha uma média de 846 calorias depois de a lei ter entrado em vigor. Antes a média era de 825 calorias. Em Newark, os clientes escolheram em média 825 calorias antes e depois.
Comportamentos difíceis de mudar Na segunda-feira, os clientes do McDonald’s da 125th Street, perto da St. Nicholas Avenue, no coração de Manhattan, comentavam as conclusões do estudo.
William Mitchell, de Rosedale (Queens), que estava em Harlem para uma entrevista de emprego, escolheu dois cheeseburgers, num total de cerca de 600 calorias, por 2 dólares (o equivalente a 1,36 euros).
Quando lhe perguntei se tinha verificado as calorias, respondeu: “Como porque é barato. Tento arranjar a refeição mais barata possível.”
Tameika Coates, de 28 anos, que trabalha na loja da Catedral de St. Patrick, escolheu um Big Mac (540 calorias), com um pacote grande de batatas fritas (500 calorias) e uma garrafa grande de Sprite (310 calorias).
“Não ligo muito porque como de qualquer maneira”, disse Tameika Coates. “Sei que não devia porque já estou muito gorda”, acrescenta com uma gargalhada.
April Matos, uma especialista em fast food, com 24 anos, comprou para Amari, o filho de três anos, um menu Happy Meal com McNuggets de frango e um Snack Wrap para si própria. Encolheu os ombros e disse que não lhe interessava contar calorias. “Não ligo. Que importa? Porque não haveria de comer? A vida é curta”, exclamou, acrescentando que costumava ter uma alimentação ligeira. “Agora comecei a comer de tudo porque estou grávida.”
Os peritos em nutrição e saúde pública dizem que as conclusões do estudo mostram como é difícil alterar os comportamentos, embora isso não justifique o abandono da política de afixação de calorias nas ementas dos restaurantes.
Um defensor da afixação de calorias defende que as pessoas com baixos rendimentos estão muito mais interessadas nos preços das refeições que nas respectivas calorias.
“A nutrição não é a preocupação principal das pessoas de baixos rendimentos, provavelmente as menos sensíveis à afixação de calorias”, assegura Michael F. Jacobson, director-executivo do Center for Science in the Public Interest, um grupo sem fins lucrativos sedeado em Washington e que se dedica à promoção de hábitos saudáveis.
Os responsáveis de saúde da cidade de Nova Iorque garantem que, como o estudo teve início imediatamente depois da entrada em vigor da legislação que obrigou à publicação das calorias nas ementas, é possível que não tenha captado mudanças de comportamento das pessoas que tenham ocorrido mais gradualmente.
Há um ano, frisam os mesmos responsáveis, a cidade lançou uma campanha publicitária junto dos utilizadores do metro na qual se informava a população da cidade de que a maioria dos adultos devia ingerir 2 mil calorias por dia, o que poderia ter contextualizado a contagem de calorias.
Embora o estudo da Universidade de Nova Iorque tenha examinado 1100 talões de caixa de restaurantes, a cidade está a proceder à sua própria análise de 12 mil talões, que tenciona divulgar daqui a alguns meses, avança Cathy Nonas, directora de programas de nutrição do Departamento de Higiene Sanitária e Mental daquela cidade.
O estudo em questão reflecte outros estudos que concluíram que, em termos de alimentação, as pessoas por vezes confundem a intenção com a acção, diz Marie Roth, dietista registada pelo Blythedale Children’s Hospital em Valhalla (Nova Iorque).
“Só pelo facto de tencionarem fazer escolhas mais saudáveis as pessoas sentem que o poderiam ter feito e que talvez o façam quando voltarem a ter oportunidade”, diz Marie Roth.»
In: http://www.ionline.pt/conteudo/26712-avisar-os-clientes-das-calorias-nao-resulta-eles-comem-na-mesma, a 08 de Outubro de 2009, no Jornal I
O meu comentário:
Mediante este estudo, podemos inferir que o problema são os hábitos enraizados, neste caso na cultura norte americana, onde as pessoas, têm pouco tempo para poderem alimentar-se, e então recorrem a algo rápido, que lhes permita libertar tempo para outras tarefas, ou para, continuarem a trabalhar, pois podem não dispor da hora toda para o almoço.
No entanto, um dado relevante, que podemos tirar no estudo, é que as pessoas com menores rendimentos, menosprezam as calorias ingeridas, sendo mais importante, o preço da refeição, do que a qualidade, o que em certa parte, compreende-se, senão vejamos, mesmo no nosso país os jovens são grandes clientes deste tipo de cadeias, por ser barato e bom, sabemos que estas cadeias de fast-food, quando surgiram, atacarem os clientes por dois vectores, o rápido e o preço, surgiram com preços muito baixos, face aos restantes players do mercado.
Há bem poucos anos, só nas grandes cidades, é que se comia o denominado prato do dia, com preço reduzido, no entanto, com o surgimento destas cadeias, o preço foi mais baixo, esmagando as margens de lucro, obrigando os pequenos restaurantes, ou mesmo cafés nas nossas cidades, a criarem alternativas, para fixarem as pessoas, e criaram os seus menus, por valores em que podiam competir com estas cadeias, e melhoraram o outro vector, a rapidez do serviço, oferecendo ainda algo, que as mesmas não dão, atendimento à mesa.
Mesmo com notícias, em que as cadeias, faziam comida que era nociva à nossa saúde, as pessoas continuaram a ir lá, pelos mais diversos motivos, criando problemas nefastos na saúde pública, como obesidade, agravamento de doenças cardiovasculares, etc.
Então foi necessário, publicas as calorias, e indicar que não devemos ingerir diariamente mais que 2000 calorias, sendo que um menu destas cadeias, muitas vezes ultrapassa estas 2000 calorias diárias, que deveríamos ingerir, nem mostrando às pessoas, que estão a pisar o risco, as pessoas vão deixar de consumir este tipo de alimentos, ou de recorrer com tanta frequência a estas cadeias, para a sua alimentação.
A publicação das calorias neste tipo de alimentos, dá-me logo com termo de comparação, os anúncios colocados nos maços de cigarros, onde indica mesmo, que fumar pode conduzir à morte, no entanto, as pessoas continuam a fumar, apesar dos avisos, pois é algo difícil de se fazer, deixar de fumar, apesar de saber que se estão a destruir, a mesma teoria passa para os alimentos destas cadeias, em que as calorias são imensas, no entanto, as pessoas tem que se alimentar, e pelos mais diversos motivos, recorrem a estas cadeias, no artigo acima, uma cliente diz que procura a refeição o mais barata possível, e outro cliente, indica que come, porque se tem que comer, independentemente do seu peso para a saúde, apesar de reconhecerem que deveriam comer menos, devido a estarem gordos.
O que devemos tirar daqui, é que as pessoas apesar dos avisos, continuam a comer, pois este tipo de cadeias, ataca o mercado, com comida saborosa, rápida e essencialmente barata, o que faz com que nichos mais desfavorecidos, ou tradicionalmente com menos rendimentos, como pessoas com empregos precários, pobres, e estudantes, vão continuar a recorrer a estas cadeias, para se alimentarem, como, quando somos jovens nada nos dói, muitos bebem, fumam e abusam de certos comportamentos, que no futuro se vão arrepender, pelo peso que estes têm na sua saúde.
Basicamente quando de é novo não pensamos que os nossos comportamentos de então, podem ter altos estragos e podem nos sair muito caro, alguns anos à frente.
No entanto, é simples, se querem que as pessoas ganhem cultura alimentar, têm que a dar, tal como fizeram nos cigarros, na educação sexual, etc. Em educações sociais, somos muito débeis, em políticas como planeamento familiar, financeiras, somos um desastre.
Penso que devemos fazer alertas, e criar uma legislação para estas cadeias, no entanto, não sou a favor de uma legislação rígida, pois senão estarão em causa valores de liberdade, e que estão consagrados na constituição da república portuguesa.
Vamos aguardar de ver qual será a percussão desta situação, para a Europa, e mais concretamente a Portugal.
Deixo a Questão: Que pensa da afixação das calorias nos produtos das cadeias de fast-food, não ter resultados práticos, pois ficam a prevalecer factores como rapidez e economia?
Tenho Dito
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